Como é feita a avaliação diagnóstica?

A avaliação diagnóstica de dislexia é um processo que inclui alguns fatores de exclusão, pois é preciso descartar a possibilidade de ocorrência de deficiências visuais e auditivas, déficit de atenção, escolarização inadequada e problemas emocionais, psicológicos e socioeconômicos que possam interferir na aprendizagem.

No Brasil, a avaliação diagnóstica geralmente é feita por uma equipe multidisciplinar, composta por diferentes profissionais. A composição dessa equipe pode variar dependendo dos sintomas apresentados e do centro ou clínica responsável pela avaliação. A equipe pode ser constituída por psicólogo, neuropsicólogo, fonoaudiólogo, médico (pediatra, neuropediatra, neurologista e/ou psiquiatra) e psicopedagogo. A vantagem da equipe multidisciplinar é garantir uma avaliação integral, em que cada profissional contribui com entendimentos e olhares específicos de sua área de conhecimento. Para que a avaliação multidisciplinar funcione, é fundamental que a equipe se reúna e compartilhe os resultados das avaliações especializadas, chegando a uma conclusão representativa das áreas investigadas.

Partindo do princípio de que a dislexia é consequência de um déficit no processamento fonológico, as seguintes habilidades devem ser examinadas durante a avaliação:

  • Consciência fonológica – habilidade para reconhecer e manipular sons da língua falada.
  • Memória fonológica – habilidade para lembrar e utilizar sons, sílabas e palavras.
  • Nomeação automática rápida – habilidade para nomear objetos, cores, letras e dígitos de forma rápida.
  • Vocabulário receptivo – compreensão de palavras ouvidas.
  • Associação fonema-grafema – compreensão da relação entre os sons e seus símbolos (letras e sequências de letras).
  • Decodificação – habilidade para utilizar as associações entre sons e letras a fim de identificar e pronunciar palavras escritas.
    • Decodificação de palavras reais.
    • Decodificação de pseudopalavras.
  • Leitura oral fluente – habilidade para ler de forma correta, com fluência e entonação apropriada, facilitando a compreensão.
    • Leitura fluente de palavras.
    • Leitura fluente de frases, parágrafos e textos.
  • Compreensão leitora – competência de interpretar e compreender informações de um texto escrito.
  • Soletração e ortografia.
  • Escrita.
    • Escrita de palavras.
    • Escrita de pseudopalavras.
    • Escrita de frases.
    • Escrita de parágrafos.
    • Escrita de texto.

Também é importante colher dados sobre o desenvolvimento da criança ou adolescente por meio de conversas e/ou questionários com a família e da análise do histórico escolar. Além da avaliação das habilidades de linguagem (listadas acima), é preciso examinar habilidades específicas, como a inteligência, a atenção e a memória.

As habilidades matemáticas também podem ser avaliadas como parte do processo diagnóstico. Alguns alunos com dislexia têm dificuldade para decorar e nomear informações numéricas, como a tabuada, mas apresentam habilidades matemáticas adequadas na realização de cálculos e na resolução de problemas. Além disso, um baixo desempenho em matemática pode ser consequência da dificuldade para ler os enunciados dos problemas. Ao avaliar as habilidades matemáticas, é importante considerar se as dificuldades apresentadas são apenas consequência da dislexia ou se vão além, podendo indicar uma discalculia.

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